Última Carta Para Julieta

E foi naquele exato instante que eu desabei, Julieta, no exato instante que eu soube que você tinha ido voar com os anjos. Você se importou comigo quando ninguém mais se importava, você me amou quando ninguém mais me amava. Você foi meu chão, Julieta!

Sem você o ar que eu respiro não é mais fresco, o meu sol não é mais radiante, a lua não é mais brilhante, o mar já não me encanta mais, as flores não tem mais cheiro, eu nem sei mais o que almejo. Porque você me preenchia, Julieta, me transbordava! Sem você sou apenas um vazio, vagando pelo espaço sem nenhum rumo, sem nenhum sonho, Julieta. 

Porque não precisei nem pensar em me matar para morrer, Julieta! Porque sem você não estou por completo e eu não sei viver de metades. Não sei o que fiz para o universo para ele arrancar você de mim tão de repente. Devolva-me Julieta, universo! Devolva o meu sol, a minha brisa leve que me acalma, as minhas ondas do mar, com um balanço tão encantador que só de não poder vê-lo mais eu tenho vontade de gritar!

Mas se não posso te ter de volta, Julieta, então a morte é um chamado. E por você eu morro como alguém que dança. Eu morro leve, leve como uma pluma. Porque quando trata-se de morrer por amor, a morte é linda, a morte não dói, é como uma velha amiga que eu reencontro. Morrer é a melhor das coisas quando comparada a suportar a dor de viver sem te ter ao meu lado. 

Então me espera, Julieta! Me espera, que eu já estou chegando! Me espera, que eu só preciso ver sua doce face mais uma vez, beijar-te antes de ir-me. Agora teremos nossa paz, Julieta. Não há diferença de família que nos impeça, não há mais mandado de exílio que nos afaste. Se bem que quando o amor é grande, não há barreira que nos atrapalhe, nenhuma barreira nunca nos atrapalhou. Mas agora seremos só nós dois, Julieta. Eu, seu doce Romeu e você, minha amada Julieta.

Romeu

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